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domingo, 20 de fevereiro de 2011

A América Latina, o Brasil e a Guerra Fria

Alguns meses antes da rendição da Alemanha, os Estados Unidos apressaram-se em contatar os países latino-americanos, com o objetivo de mantê-los sob sua área de influência.
Em 3 de março de 1945, representantes dos países latino-americanos e dos Estados Unidos assinaram, na Cidade do México, a Ata de Chapultepec, um documento que nada mais era senão a ampliação da Doutrina Monroe de 1823.
A Ata de Chapultepec estabeleceu que "qualquer ataque ao território ou à soberania dê qualquer país americano será revidado pelas forças conjuntas de todos".
Nos meses de agosto e setembro de 1947, em pleno ambiente da Guerra Fria, os países americanos voltaram a se reunir na Conferência para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente, também conhecida como Conferência do Quitandinha (famoso hotel na cidade de Petrópolis). Aí foi criado o Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca), também conhecido como Pacto do Rio de Janeiro.
Esse tratado, na verdade, foi a reafirmação da Ata de Chapultepec, pois estabelecia que:
"Um ataque armado por parte de qualquer Estado contra um Estado americano será considerado como um ataque a todos os Estados americanos, e cada um destes é colocado na obrigação de concorrer para a resistência ao ataque".
Antes de assinar o Tiar, o presidente Truman, dos Estados Unidos, anunciou seu plano de uniformizar os armamentos dos exércitos latino americanos e de colocar seu país à disposição das nações do continente para treinar suas tropas militares.
Conhecendo um pouco a história das relações entre os Estados Unidos e os países latino-americanos desde o século passado, percebe-se que na declaração de Truman havia pelo menos dois interesses encobertos:
1º) criar uma dependência dos países latino americanos em relação aos Estados Unidos no plano militar (antes da guerra, as forças militares latino-americanas utilizavam como modelo as forças francesas ou alemãs); e 
2º) vender os enormes estoques de armamentos que haviam sobrado da Segunda Guerra Mundial.
Sempre considerando que a União Soviética e o socialismo eram sérias ameaças para o mundo, os Estados Unidos transformaram a IX Conferência Interamericana, realizada na cidade de
Bogotá (Colômbia), em 1948, num fórum de discussões e condenações do socialismo e dos partidos comunistas.
Nessa conferência de 1948 foi fundada a OEA, um organismo que, sob tutela, ou orientação, dos Estados Unidos, representava a "unidade do continente e o tribunal onde deveriam ser discutidos os problemas entre os paises americanos".
Frutos da Guerra Fria, o Tiar e a OEA mostram que a principal preocupação dos Estados Unidos era não perder sua área de influência no continente, e não a defesa dos interesses dos signatários.
Um bom exemplo disso foi a Guerra das Malvinas. Em 1982, a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas ou Falkland, no Atlântico sul, depois de muito reivindicar a posse dessas ilhas, que permanecem sob o domínio inglês. A Inglaterra reagiu e, no decorrer da guerra, satélites artificiais dos Estados Unidos forneceram a posição das tropas e navios argentinos aos ingleses, que venceram a Argentina.
Com essa atitude, os Estados Unidos desconsideraram os termos do Tiar. Em vista disso, é o caso de se perguntar: qual a validade do Tiar? e da OEA?

Fonte: Melhem, O quadro político e econômico do mundo atual (v. 4),1996, página 19.

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